Drift: Quando derrapar é competir

Fábio José Santos - Hortolândia/SP - 20/02/2015  0 comentários

Fotos: Divulgação
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A técnica da derrapagem já era conhecida no rali, mas foram os japoneses que a transformaram em “arte”, e por fim num esporte à parte o Drift ou Drifting. Tudo começou  com o piloto Kunimitsu Takahashi em 1970. Kunimitsu ficou famoso por sua capacidade de fazer curvas em velocidade mais alta que o normal derrapando a traseira, sempre buscando o “apex”, ponto onde o carro está mais perto da curva, e derrapando na mesma, para sair dela com mais velocidade. Outra lenda da modalidade é Keiichi Tsuchiya, um corredor de rua e adepto da técnica de Takahashi, que ganhou fama por tirá-la das pistas ao praticá-la nas sinuosas estradas das montanhas japonesas, ganhando o apelido de “King of Drift”, rei do drift.
Um vídeo produzido nos anos 80 sobre suas habilidades, “Keiichi Tsuchiya Pluspy”, fez muito sucesso entre os praticantes do Drift, dando ao piloto fama internacional, em imagens que podem ser vistas hoje na Internet. Na mesma época, Tsuchiya e Daijiro Inada, dono da revista “Option”, uma das maiores publicações especializadas em drift do mundo, criaram a liga “D1 Grand Prix Japan”, o primeiro campeonato oficial da modalidade e ponto de partida para a internacionalização do esporte, que atualmente possui até um Campeonato Mundial, reunindo os melhores drifters do planeta.

É no Japão aliás, que o Drift é retratado no filme que deu novo fôlego a divulgação do esporte; Velozes e Furiosos: Desafio em Tóquio, filme de 2006. Terceiro filme da franquia, curiosamente, Desafio em Tóquio não tem os principais atores de Velozes e furiosos, Vin Diesel e Paul Walker, sendo protagonizado por Lucas Black, que vive um jovem norte-americano que vai morar com o pai no Japão, onde buscando as corridas de rua locais é surpreendido pelas técnicas diferentes de pilotagem da modalidade. Diesel na verdade até dá uma palhinha no filme, mas você só vai saber como se assistir.
Velozes e Furiosos, “Fast & Furious” no original em inglês, já está em seu sétimo filme, apesar da morte prematura de Walker - ironicamente em um acidente com um carro esportivo - com estréia programada para 7 de abril de 2015. E é com a fama deste filme que as primeiras demonstrações de Drift surgem no Brasil, inicialmente incorporado às apresentações de habilidades, mas depois ganhando equipes especializadas como a Dritf Show, equipe criada por Sérgio Hanazono em 2009 e por fim, as primeiras competições.

1º Campeonato Brasileiro


Após realizar uma série de competições e campeonatos regionais, como o 1º Campeonato Paulista de Drift, em 2012, realizado em Piracicaba, a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) incluiu a modalidade no calendário automobilístico brasileiro de 2015. A primeira edição abre sua disputa no dia 22 de fevereiro, um domingo, no  Speedway Music Park, na cidade de Balneário Camboriú, Santa Catarina. Ao longo do ano, o Brasileirão de Drift ainda deve ter outras sete etapas, passando por cidades como Brasília-DF, Vitória-ES, Goiânia-GO, Belo Horizonte-MG, Rio de Janeiro-RJ e São Paulo-SP.

A primeira etapa conta com 32 pilotos com suas atividades iniciadas a partir do sábado, 21 de janeiro, quando acontecem os treinos livres e classificatórios, enquanto a etapa decisiva se dá no domingo. Como modalidade radical e ligada ao público jovem, seus praticantes também tem representantes nesta faixa de público, como o drifter Vítor Jatobá, de 16 anos, que conta como conheceu a modalidade, “Conheci o esporte através dos games e me apaixonei. Estou realizando um sonho”, disse o mais jovem piloto filiado à Confederação Brasileira de Automobilismo. “Sei que é difícil, mas não vejo a hora de comemorar minha primeira vitória”.

Games, mangás e Tvs


As possibilidades e a emoção do Drift não passaram despercebidas ao mundo dos jogos eletrônicos, sempre em busca de esportes que ofereçam atração, e a modalidade vem recebendo versões desde a era dos árcades. Há desde fases especiais em que progredir na modalidade é um dos objetivos o jogo até versões especializadas, exigindo não só que o jogador demonstre suas habilidades na pista, mas também no preparo e na configuração do carro. As séries Need For Speed e Tokio Extreme Racers são alguns dos muitos títulos que permitem a busca da derrapada perfeita.

Também existe uma série de mangás, histórias em quadrinhos japonesas, conhecidas por seu dinamismo gráfico, o que casa com a modalidade, chamada “Initial D”, criada por Suichi Shigueno em 1995, de grande sucesso no Japão ao retratar fielmente o mundo das corridas ilegais e o drift nas montanhas ao melhor estilo de Tsuchiya (que foi consultor da série), que foi adaptada para Anime (desenho animado),  live action - com atores reais - e também para os games.

Variações: Drift Trike um parente radical

Há uma variante bem mais acessível do que os carros tunados da competição, o Drift trike, de origem norte-americana, que se utiliza de triciclos, que podem ser motorizados ou não. Fabricados artesanalmente ou por lojas especializadas em esportes radicais, esses pequenos triciclos, unem garfo de BMX e roda de bicicleta aro 20 com duas rodas traseiras revestidas de PVC e guardam um vago parentesco com os tradicionais carrinhos de rolimã, inclusive no objetivo; descer ladeiras asfaltadas, mas dando-se ênfase ao drift nas curvas pelo caminho. Além disso, é possível encontrar na internet vídeos de como construir o seu drift trike, que custa em torno de R$ 1.000,00. Também se recomenda aos praticantes o uso de equipamentos de segurança comuns a outros esportes radicais, como o capacete, luvas, protetores de joelhos, pernas, cotovelos e antebraços.

O Drift trike chegou a São Paulo onde divide espaço com os skatistas na ladeira do Ipiranga e embora seja basicamente entretenimento, também possui competição com categorias  como o Slalon para as melhores manobras; o 360º para dar mais giros em uma única seqüência; e a Speed, uma descida em velocidade, fazendo o drift onde se chega aos 70 Km/hora. Minas Gerais e Brasília também contam com a modalidade, e recentemente os triciclos também foram trazidos à Hortolândia, onde integrados ao “Projeto Férias” fez muito sucesso junto à criançada, tornando-se uma das atrações do programa na temporada 2015.

Confira também: Drift: Precisão e velocidade em curvas radicais

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